terça-feira, 13 de maio de 2008

Décadas de mim

Nasci nos anos 2000.
Minha infância foi a época das grandes descobertas, da globalização. Era tanta gente num espaço só, que eu me sentia pequenininha e, ao mesmo tempo, grande o suficiente para encher toda uma sala de entretenimento: muita música, muitas peças representadas, informações de todo o mundo ao meu redor. Muitos sonhos, muita expectativa. Eu era a esperança: eu era a Era. Os anos 2000 foram um sucesso só.

Os anos 90 formaram a descoberta de mim mesma. Quem sou eu? A adolescente não sabia bem se era anos 2000 ou anos 80. A tecnologia crescia disparada, e o meu corpo também. A democracia dentro de casa era algo que começava a despontar e eu passei a descobrir um quê-de-eu.

Meus anos 80 foram uma armação ilimitada. Ah, que delícia: cheia de meninice, e com ela, todos os seus brinquedos maravilhosos, que marcaram boa parte de minha vida. Um pouco de Material Girl e um resquício de Diana. Eu já me desenhava nas telinhas, cheia de cores e movimento.

Os anos 70: os anos 70! Eles talvez tenham sido os melhores da minha vida. Eu era. Paz e amor, flores contra canhões. Época de muito amor e muita música também. A disco entrou na minha vida definitivamente para incorporar meu espírito. Eu fui transformação. Cabelos pintados, com bob´s, polainas, glitter, batom vermelho. Tudo era festa - eu era a liberdade de expressão: mente e corpo.

Logo entrei na década de 60 e o ideal de busca pela liberdade tomou conta de mim por inteira. Eu era uma explosão de juventude feminina, calçada de sapatos altos e calças cigarettes, sem esquecer, contudo, da querida minissaia. Trabalhando fora e cuidando da casa, enquanto a Jovem Guarda toca no meu radinho de bolinha. Dominando o mundo e lutando por espaço numa ditadura militar. Uma pimenta ainda retrô. Sim, eu sou nouvelle vague pura!

Meus anos 50 que aguardo ansiosamente. Quero a televisão - e Hollywood também quer! Eu quero a Juventude Transviada num Bonde chamado Desejo. A ficção científica relata cada episódio de vida. Assim, vejo adiante o futuro - os meus queridos anos 50 - cheio de sofisticação, elegância e glamour. Sputnik será lançado, sem volta.

Cada década por vir.






3 comentários:

Anônimo disse...

Minhas filha amada,
Suas crônicas estão cada vez melhores. Esse recurso do tempo paralelo em duas direçõs ficou genial O conjunto com as fotos também ficou muito bom. Você me enche de orgulho. Beijos. Pai

Anônimo disse...

Com seu PAI falando aí em cima, ou embaixo - não sei onde vai entrar minha postagem - mas ele tem razão, o texto é ótimo, e vc realmente está melhorando a cada dia. Uma espécie de Lya Luft, versão SBP de Barbacena!!!!

Fábio Pegrucci disse...

Lendo agora com mais calma, mais devagarinho, a crônica que imagino ter lido em primeira mão há algumas semanas, foi que pude sentir o tanto de delicadeza e poesia que "emana" desse texto...

Aos leitores-fãs-marmanjos, atenção: só uma MULHER escreve assim!

(só fiquei imaginando em que "década de você" seu olhar apontaria para a catedral gótica, antes que vc AFIRMASSE: "eu VOU me casar aqui!" ... ... ;-))


Fábio