O vento rodopiava seus cabelos, sem rumo, sem direção. Ela gostava dessa sensação. O vento tinha cores, impressionantemente, cores de todas as cores. Cores de alegria, cores de infância e bossa n´roll, que traziam todos os sentidos a um só: o de estar ali.
Ela trajava os seus passos, enquanto pregava cada vez mais firme pé ante pé nas dunas de areia.
Sua pele tocou o mar, e com ele, tocou seu corpo. Não era mais a mesma, a imensidão havia mudado. O som absoluto de suas vozes havia mudado, ela agora escutava todos os sons do mundo no canto do vento. E eles falavam alto. Se sentia abençoada.
Todos caminhavam com ela; naquele momento, ela era todos e uma só.
O Rio tem gosto de quê?
Tem gosto de sal. Tem gosto de mar. Tem gosto de língua que alisa a pele.
A pele desnuda, a carne viçosa das mulatas de samba, do burburinho dos passos, que gingam ao som. O som do vento, vento de cores multicoloridas no vôo da gaivota rajante. Céu esculato de paisagem, guardião dos sonhos e segredos da gente do mundo, do riso sem pressa, da vida boêmia, da noite de luz.
A alma é leve, a vida não tem medo de seus próprios passos. Ela dança ao luar, marejado de pegadas na areia. Pegadas traçadas com o suor do corpo e a benção de Iemanjá.